quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Rafael Alonso e Iara Freiberg

Rafael Alonso e Iara Freiberg, participaram da 2˚ Temporada de Projetos do Paço das artes, que acaba de terminar dando aggora espaço pra 3˚ Temporada. O trabalho deles me chamou atenção. 
Iara Freiberg apresentou o projeto Invasão, em que pequenos ambientes arquitetônicos serão embutidos nas paredes, conectados entre si por longos corredores, multiplicando-se e espalhando-se pelo espaço, formando um minilabirinto. Ambientes inventados, espaços irreais, muitas vezes sem sentido e quase oníricos, ganham várias dimensões neste trabalho, levando o público a questionar sua relação com o espaço.
Será que vale a pena colocar mais um objeto no mundo? Ainda há algo no mundo que mereça ser pintado? As dúvidas que antecediam cada obra do pintor canadense Philip Guston (1913-1980) também acompanham a produção de
Rafael Alonso. 
O artista carioca parece nunca ter como ponto de partida a tela em branco. Daí o nome da exposição. Espólio é uma herança, um conjunto dos bens que são deixados por alguém ao morrer a ser partilhado no inventário entre os herdeiros ou legatários. É também o nome dado a uma espécie de recompensa do combate, despojos de guerra. Boa parte da produção contemporânea lida com a história da arte como uma espécie de arquivo, que pode ser livremente acessado e apropriado a qualquer momento. Na produção de Rafael Alonso, aquele território aparentemente vazio da tela é, na verdade, tratado como abrigo de toda a história da arte. Ali, nada começa do zero. 

Na série inédita em São Paulo de pinturas feitas sobre convites de exposição (2009-2011), as peças gráficas produzidas para divulgação de mostras, colecionadas pelo artista há cerca de 10 anos, são apropriadas sem permissão e usadas como suporte para a pintura. Em cada trabalho, apenas um fragmento da peça inicial é mantido e, na maior parte das vezes, é ele quem norteia as composições finais carregadas de referências à história da arte. Revelam o interesse do artista pela paisagem ou pela geometria. Revelam citações de artistas e movimentos como Mark Rothko, Gordon Matta-Clark, Fabio Miguez e o impressionismo. Revelam, também, o funcionamento do circuito artístico e a produção de imagens de várias gerações: um trabalho é produzido por um artista e é fotografado para que seu registro possa ser usado no site da galeria, no material de divulgação e em peças gráficas, como banners e convites. Essa dinâmica levanta a questão: quanto do orçamento de uma exposição destina-se à produção do trabalho e quanto se destina à sua divulgação? 
Já na série Desktops (2009), as paisagens reveladas pela pintura são aquelas possíveis no mundo contemporâneo. Construídas a partir de fitas adesivas, tirando partido de suas cores industrializadas e sua textura lisa e brilhante, são artificiais e ilusórias, como as que encontramos em descansos de tela de computadores. São trabalhos que aproximam a pintura do objeto sem deixar de lado seu caráter virtual, abstrato. São paisagens nas quais não podemos entrar. O verde é tão verde e o azul tão azul, que parecem mais reais do que o mundo em que vivemos. Em Defeito (2011), Alonso revisita sua própria produção. Agora, é a tinta acrílica que tenta se aproximar da fita adesiva. Se antes a fita adesiva buscava se apresentar como a materialização de uma pincelada, agora ela é modelo de sua pintura.

texto de Fernanda Lopes

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Olafur Eliasson

Seu Corpo da Obra   
Finalmente São Paulo recebe Olafur Eliasson, artista dinamarquês que confesso admirar totalmente. A cidade esta permeada por ele, que é o convidado especial com sua primeira individual, com dez instalações que integram 17˚ Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC Videobrasil, e vão ficar aqui até dia 8 de Janeiro...eba! O artista desenvolveu uma obra para cada SESC e, para a Pinacoteca, desenvolveu quatro grandes instalações que propõem experiências em torno da percepção de cor e orientação espacial. A exposição dará origem a um livro com lançamento previsto para novembro pelas Edições SESC. Além de imagens de todas as obras instaladas e de séries fotográficas produzidas por Eliasson em sua viagem de reconhecimento a São Paulo, o livro reúne ensaios de teóricos brasileiros, que relacionam diferentes aspectos de sua obra à produção local em campos como arte, ciência e arquitetura.
Data: até 8/1/2012
Horário: terça a domingo, das 10h às 17h30
Local: Pinacoteca do Estado
Endereço: Praça da Luz, 02 – Luz
Preço: R$ 6 (meia-entrada para estudantes; grátis aos sábados)
Tel.: (11) 3324-1000

www.pinacoteca.org.br